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A Jornada do autoconhecimento através do Kungfu Wushu


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Foto: Monges shaolin em treinamento



Relato por Fabio Garbuio, praticante de Kungfu


Considerando minha jornada de sete anos na prática do kung-fu, revisitei meu histórico de exames de forma cronológica para entender minhas concepções e entendimento sobre o kung-fu em minha vida até hoje.


Exame Faixa Branca - 27 de maio de 2017Qual o seu objetivo com o Wushu(Kung-fu)?

Melhorar o condicionamento físico e mental, desenvolver habilidades com defesa pessoal e ter a oportunidade de fazer uma atividade em conjunto com meu filho.


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Pai e filho treinando juntos (Fábio e Arhur)


Exame Faixa Amarela - 27 de novembro de 2017Qual o seu objetivo com o Wushu (Kung-fu)?

Meu objetivo principal é participar de uma atividade física em conjunto com meu filho, deixando um legado positivo e contribuindo para o desenvolvimento dele. Além disso, meu objetivo é aprender uma arte marcial/defesa pessoal e melhorar minha flexibilidade.


Exame Faixa Laranja - 03 de setembro de 2018O que é o Wushu (Kung-fu) para você?

Wushu (Kung-fu) é uma arte marcial chinesa, mas para mim representa muito mais. Com ela eu pude começar a entender a mim mesmo, compreendendo minhas limitações e ampliando minhas potencialidades de uma forma mais madura, tentando equilibrar minha roIna profissional e pessoal. Agrega o trabalho individual, familiar, desenvolvendo a disciplina, respeito próprio e do coleIvo (grupo).


Exame Faixa Verde - 01 de dezembro de 2019 Honestidade

Tenho consciência de que à medida que o tempo passou, parte dos meus objeIvos e anseios foi adaptado e outros foram adicionados de forma coerente e realista. Acredito que na vida, assim como no kung fu, devemos nos adaptar a nossa realidade, levando em consideração nossas limitações e traçando uma estratégia para aIngir as metas de forma honesta e verdadeira e não nos esquecer de retribuir ao próximo às qualidades que acumulamos durante o processo de crescimento pessoal.


Exame Faixa Roxa - 19 de dezembro de 2022

O que é o Wushu (Kung-fu) para você?


Embora o Kung-fu seja uma arte marcial e meu objeIvo inicial se limitava em fazer uma aIvidade Rsica em conjunto com meu filho, meu entendimento passou por uma transformação durante os seis anos em que estou praIcando.Hoje meu entendimento está mais voltado para a concentração, equilíbrio e descoberta. Confesso que nem sempre é possível aIngir com excelência a regularidade, porém a práIca para mim tem sido como desvendar um “quebra-cabeças” que envolve um exercício Rsico/mental e descobrir algo novo, aprimorando e explorando ao máximo (dentro das minhas limitações) meu potencial. Dentro desse percurso existe frustração, alegria, amizade, descoberta e autoconhecimento, assim como desenvolvimento pessoal e felicidade. “


Entendo que houve um processo de transformação que não se traduz em certo ou errado, melhor ou pior. Trata-se de uma metamorfose, considerando um histórico de experiências pessoais, incluindo mais um compromisso em minha vida.


De certa forma, eu entrei no universo do Kung-fu principalmente por moIvação em fazer uma aIvidade fisica com meu filho e até mesmo essa concepção mudou com o tempo. Inicialmente era uma necessidade de controle e vontade de estar sempre junto, maximizar toda e qualquer oportunidade de fazer valer os momentos e isso efeIvamente aconteceu, não de forma intrínseca. Tivemos momentos de conexão e sintonia e outros nem tanto.

Impossível não lembrar dos momentos de aflição por conta do “atraso”, exercícios e exames juntos - lanches com os amigos e preparar o jantar após os treinos, aIvidades online durante a pandemia. Uma roIna que será lembrada por toda minha vida.


Hoje meu entendimento está muito mais voltado em entender e aceitar as escolhas do Arthur, apoiando e orientando nas decisões da melhor forma possível.


Assim como na vida, houve uma mudança na minha perspectiva de como se avalia o mesmo tema, óbvio que existe um processo individual, aliado a experiências e percepções de como interpretar tudo que está a nossa volta, mas de alguma forma entendo que houve um fluxo onde a mudança se deu mais através de uma mudança em maximizar experiencias familiares, aliado melhoria do condicionamento Jsico para uma jornada de autoconhecimento e descobertas incríveis que me submeteram às situações as quais não imaginava que eu seria capaz de realizar.


Em verdade, hoje eu entendo que vivemos um processo de “metamorfose ambulante”. Sem nos prender em conceitos e objeIvos do passado, porque tudo passa, tudo se transforma criando novas perspecIvas e objeIvos. O mais importante é manter a fidelidade com os compromissos e ser honesto com si mesmo e com aqueles que interagimos.

De alguma forma, minha experiência durante o úlImo ano foi de muito foco e disciplina, embora algumas situações pessoais tenham influenciado de forma intensa em minha vida. Toda mudança requer coragem, sabedoria e resiliência e o kung-fu me ajudou muito como apoio e válvula de escape para aliviar meus pensamentos e sensações difíceis.


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Foto: Prof Edmilson, Lincoln, Alexandre e Fábio


Houve algo novo que de certa forma me ajudou muito em atenuar outras formas de explorar mais minhas habilidades e elasIcidade em busca de melhoria conXnua. O campeonato chegou como desafio e entendo que nessa vida nada é por acaso, sendo que a medida que a busca pela melhoria com foco e objeIvo, ou seja, a vontade genuína de realizar algo passa a ser o ponto de parIda.


Sem um propósito, dificilmente conseguiremos realizar sonhos e construir projetos relevantes. Não sei se meu objeIvo esteve subavaliado, porém, minha pretensão sempre esteve focada em fazer o meu melhor e aIngir uma pontuação que foi superada. Reconheço que poderia superar o realizado e sei que fatores emocionais externos foram de certa forma responsáveis por isso, porém o resultado superou minhas expectaIvas e sinto que me fortaleci nesse processo, principalmente por descobrir algo que até então não imaginava que seria possível.



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Competição de Bastão

Aprendi a me observar mais e conhecer os pontos que precisam evoluir e outros que estão de certa forma passiveis apenas de manutenção, fazendo uma leitura sem pressão e cobrança excessiva. Apenas deixar fluir e focar no aprendizado, livre de qualquer pensamento que afasta o objeIvo.


Não se trata de ignorar o processo atual (exame), mas encerro o ano de 2023, avaliando coisas que poderiam ter sido melhor, assim como aquelas que me orgulhei e principalmente com foco no planejamento do próximo ano, organizando: família, trabalho, desafios e a roIna de treinos.


Meu objeIvo é chegar na faixa preta e fazendo uma analogia, não quero que isso represente escalar uma montanha, porque depois que se aInge o cume, será necessário descer e/ou subir novamente a mesma, ou outra montanha. É muito mais que isso, trata-se de um reconhecimento de todos os esforços, todos os “nãos” que foram ditos para se aIngir um objeIvo. Não sei como será, apenas sei que meu foco está mais amplo, principalmente porque descobri nessa jornada que se aprende algo novo todos os dias, com os mais graduados e aqueles que estão em outro nível.


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Foto: Equipe Tonlon Academia- Kungfu Life style


Acredito que de uma forma simbólica, ao se chegar nesse nível, a faixa correta deveria ser a branca, porque cada vez mais acredito que nunca será possível encerrar esse ciclo, o aprendizado será para sempre. Uma das lições que aprendi esse ano envolve o entendimento de um fluxo que se traduz em “quanto mais eu aprendo, mais compreendo e aceito que preciso aprender mais”. E isso está intrinsecamente conectado com o processo de humildade e aceitação.


Tenho pleno entendimento das minhas limitações, acredito que outras irão surgir e sei que poderei trabalhar para melhorá-las, algumas vezes mais e outras nem tanto, por isso me sinto mais confiante e feliz por usar as referências do kung fu a meu favor. Estou aberto para novas descobertas e quero continuar sempre em movimento.


By Fabio Garbuio, praticante de Kungfu



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