Sobre o Kung Fu, de coração
- Luiz Carlos Nascimento da Silva
- 25 de jan. de 2024
- 3 min de leitura

"Obrigado, kung fu, por me ensinar há tanto tempo a importância de ter humildade no aprender"
Olá, eu sou a Caio Rodrigues, aluno de Kungfu Wushu, e este é o meu relato sobre o Wushu Kungfu.
Acredito que poucas ciências, estilos de vida e atividades se encaixam tanto em nossas vidas quanto o kung fu. "Trabalho árduo" é a tradução dessa arte marcial que me acompanha nos principais momentos de minha vida. É uma arte que se adapta a cada um que a pratica, mas que mantém firme os valores presentes em nosso juramento: paz, respeito, honestidade, persistência, paciência e humildade no aprender.
O kung fu mostra a cada treino que não vamos chegar à excelência sem repetir muitas vezes, sem errar muitas vezes e que a perfeição, se é que ela existe, é resultado de inúmeras imperfeições corrigidas. A cada forma que aprendemos, é como um microcosmo da nossa vida fora dos treinos.

Começamos lentos, erramos muitas vezes, mas a persistência leva a uma melhora e aos poucos vemos uma forma tão desengonçada ganhar luidez e beleza. A alegria ao fim da aula em ver que o esforço começa a valer a pena, a satisfação em ver que aprendemos um pouquinho mais, é reconfortante.
Tudo isso, de fato, só existe quando somos pacientes e humildes, galgando um a um os degraus do conhecimento. E quantas vezes não fui paciente e me atrapalhei no caminho! A ansiedade em aprender tudo imediatamente atrapalha a fixar os conhecimentos e não evoluímos.
A humildade ao aprender é indispensável para que possamos todo dia esvaziar nossa xícara para enchê-la novamente com novos aprendizados. Aqui deixo, sem dúvidas, uma das maiores gratidões que posso ter ao kung fu. Obrigado, kung fu, por me ensinar há tanto tempo a importância de ter humildade no aprender. Em um mundo onde tantos tem tantas certezas, esvaziar a xícara diariamente nos dá a oportunidade de nos tornarmos melhores a cada dia. E pouco a pouco, o taoulu de nossas vidas ganha mais luidez.

E tem vezes que a vida teima, teima em nos tirar dos trilhos. Compromissos, trabalho, problemas pessoais difíceis de serem superados, tristeza e desânimo. Pedras que quando menos esperamos estão lá para atrapalhar nossa tão suada e conquistada luidez! Por sorte, encontramos em nossa arte a beleza da persistência. Lembrar que a mesma força interior que usamos na faixa branca para poder cumprir o árduo - e ardido! - 1 minuto de resistência no mabu, podemos utilizar para com força e serenidade fazer os 45 minutos de chi kung na faixa preta. E se fomos tão fortes tantas vezes, porque não seremos persistentes frente a nossos problemas de vida? Não é talento, mas sim persistência, que nos leva à faixa preta. Seja ela no kung fu, no trabalho, ou em nossa vida.
Por fim, ao kung fu só tenho que agradecer. Agradecer a tanto que aprendemos, à família que cultivamos, com tantos amigos. Ao conservar um ambiente tão bom, sempre nos lembramos que não importa o quanto a vida nos desafie, teremos sempre um refúgio, uma arte, um lugar onde podemos treinar nosso corpo e espírito para paz e nos tornar dia a dia seres melhores, não importa os desafios que tenhamos que superar.

O Prof. Zerbini, primeiro cirurgião a fazer um transplante cardíaco no Brasil tinha uma frase: "nada resiste ao trabalho." Não poderia concordar mais, e ainda completo!
Nada resiste ao trabalho árduo, nada resiste ao Kung Fu.
Texto por Caio Rodrigues
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